Braga naquela altura ou naqueles anos, era uma espécie de cultura e vivência como Coimbra.Havia o lado intelectual e o lado boémio que se cultivava com grande prazer e com o sentido de ser sempre o primeiro a beber mais. Mas,digamos que estas eram as actividades das noitadas,dos abraços Baco, para nos darrmos bem e termos a bênção dos Deuses e estes nos ajudassem nos nossos amores.Por mim, os deuses nunca me protegeram e se às moças de quem gostei e me apaixonei algo disseram foi só dizer que me deixassem para lá porque eu não tinha interesse nenhum. Infelizmente, ao cotrário do que hoje penso, sentia-me asim: Horrivelmente feio pelo meu nariz de celta, muito magro e se conversasse só sabia falar do tempo.
Mas hoje com muita mais idade eu vejo que quem apenas falava do tempo eram as meninas, algumas "queques".
Antes de irmos à feira dávamos a voltinha dos tristes: Arcada, R. do Souto, a outra rua que liga à rua dos Capelistas e de que não me lembro o nome, sempre atrás daquelas de quem esperávamos um dia poder abraçar, "cães de fila" atrás dos seus donos que não o eram. E só depois das moças desandarem para suas casas, íamos à feira comer cerejas.
Junto da vendedeira das cerejas perguntávamos o preço.
-Podemos provar?
E aí entrava o roubo da fruta, porque dois ou três de nós ia se aproveitando da ingenuidade da mulher comendo várias delas apressadamente e depois dizíamos apenas e secamente como quem tinha razão que eram muito caras e que não nos agradavam.
Perguntarão agora: Mas é esta a história?
Chame-se-lhe o que quiser, mas é apenas uma recordação da juventude, misturando as cerejas com as colegas com quem não falavámos e de quem tanto gostavámos.
Flashes pequenos da vida longa que já levo e em que em noutros lugares descrevo os momentos que mais me marcaram.
A. Bacelar Antunes