PREVENÇÃO DAS DOENÇAS DE
TRANSMISSÃO SEXUAL
Prevenção das Doenças de Transmissão Sexual
As
alterações dos padrões de comportamento sexual, observadas em todos os grupos
sociais e particularmente nos grupos etários mais jovens, têm sido
acompanhadas, nas últimas décadas, por importantes modificações na epidimeologia
das doenças sexualmente transmissíveis.
A
incidência das doenças de transmissão sexual (DTS), aumentou assustadoramente
nos últimos anos.
São
múltiplos os factores associados a este aumento, nomeadamente:
-
alterações do comportamento sexual
-
início mais precoce da actividade sexual, sendo a
média de idade da primeira relação sexual na actualidade de 16 anos.
-
aumento da incidência da actividade sexual casual e
múltipla, tanto hetero como homossexual
-
pouca utilização dos métodos de barreira
(preservativo), por utilização da pílula, o que favorece a possibilidade de
transmissão
2.
susceptibilidade fisiológica nas adolescentes por
haver um défice de progesterona que torna o muco cervical muito espesso; com
ciclos anovulatórios, este muco é filante, tipo clara de ovo, com grande
facilidade dos agentes infecciosos penetrarem no útero e ascenderem pelas trompas
até à cavidade abdominal
-
a existência de ectopia de colo uterino, muito
vulnerável às infecções por agentes infecciosos, especialmente o Gonococo e a
Clamídia
3.
aumento da incidência da infecção por HIV, que aumenta
consideravelmente o risco de DTS
4.
dificuldade no reconhecimento precoce das infecções
genitais, por haver sintomatologia escassa
5.
não aceitação da gravidade destas infecções pelos
doentes
Atendendo
às graves implicações no futuro (aumento da gravidez ectópica e infertilidade,
por lesões das trompas), compete ao médico explicar e informar tudo isto e
adoptar uma decisão atempada na prevenção, diagnóstico e terapêutica destas
doenças
As
DTS são doenças contagiosas para as quais se dispõe de medidas preventivas e
terapêuticas, mas que persistem porque as suas causas subjacentes estão ligadas
ao comportamento humano. Por isso, podemos encará-las como doenças de
comportamento, quer dizer, são estados patológicos nos quais o comportamento
humano desempenha um papel etiológico e que podem ser eliminadas modificando
esses comportamentos.
Havendo
portanto, uma precocidade das relações sexuais, os jovens são por isso uma
população de alto risco para a disseminação das doenças de transmissão sexual,
pelo facto de terem nessa época da vida vários parceiros sexuais.
Entre
as numerosas DTS, um certo número delas são objecto de grande actualidade:
-
SIDA – doença transmitida pelos vírus HIV, modificou
nas sociedades informadas o comportamento sexual, pela redução dos parceiros e pelo uso
do preservativo;
-
Hepatite B – transmitida por vírus, sobretudo através
das relações sexuais; a maior parte dos indivíduos adquire a infecção entre os
15 e os 24 anos; há que fazer a vacinação como método preventivo;
-
Infecção por Clamídia – a infecção por esta bactéria
traz sequelas tardias, como a esterilidade de causa tubar. É a primeira causa
mundial de doença sexual transmissível bacteriana.
Entre
os adolescentes 7 % são portadores assintomáticos e 15 % ou mais, queixam-se de
alterações clínicas, como dores pélvicas ou menstruais, corrimentos, perdas de
sangue (metrorragias) fora das menstruações, dispareumias profundas.
-
HPV – transmitida pelo papilomavírus (papovírus), é
hoje a DTS vírica mais frequente entre os jovens e adultos e o seu aparecimento
pode levar a displasias e aumentar então os riscos de cancro do colo uterino;
são muito frequentes as lesões vulvares que cursam com ardor vulvar e que são
frequentemente confundidas com lesões micóticas;
-
Infecções bacterianas como a gonorreia, parasitárias
como a tricomonase e as micoses vulvo-vaginais provocadas por fungos, são
também DTS a ter em conta.
A
contracepção local masculina por preservativo, podendo ser combinada com
espermicida, é hoje o único método contraceptivo eficaz que permite a prevenção
da SIDA e das outras DTS.
Esta
informação de grande importância deve ser explicada para que se possa fazer a
prevenção destas doenças e evitar futuras complicações e sequelas na
fertilidade.
Sem
informação correcta ou conhecimento destas situações, há a tendência a
banalizar e a por de lado o preservativo, por haver em muitos casos a
utilização da pílula, que protege da gravidez.
Nas
consultas de ginecologia deverá fazer-se obrigatoriamente uma informação sobre
as DTS e a sua prevenção, com ensinamentos sobre o uso do preservativo, mesmo
que a mulher já use ou vá usar a pílula.
No despiste destas doenças deverá
fazer-se:
-
teste de Papanicolau para despiste de lesões ou
doenças víricas, como o HPV;
-
tratar lesões do colo uterino que favoreçam o
aparecimento e a propagação pélvica das DTS;
-
propor a vacinação contra a hepatite B.
As
DTS constituem hoje um verdadeiro problema de saúde pública em todos os países
do mundo.
No
entanto, existem variações importantes da sua incidência em função dos níveis
económico e sócio-cultural.
A
prevenção das doenças sexuais transmissíveis e suas complicações tem
fundamentalmente três objectivos:
1.
Evitar a exposição às DTS ou a contaminação, adoptando
medidas contraceptivas correctas e evitar a promiscuidade sexual.
2.
Proteger o tracto genital superior da infecção ascendente
ou seja prevenir a infecção pélvica, com tratamentos atempados e do seu
parceiro sexual.
3.
Minimizar as sequelas a longo prazo como a
infertilidade quando existe infecção ascendente.
Mas
a verdadeira prevenção das DTS e consequentemente a redução da sua incidência e
morbilidade, dependem, em última instância, da mulher (alterações do
comportamento sexual), do médico (necessidade de um vasto conhecimento das DTS
e seu tratamento) e da sociedade ( promoção de saúde e de educação e garantia
de acesso fácil aos cuidados de saúde primários).
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