Knaus baseou
os seus cálculos na resposta uterina à aplicação de pituitrina com reflexos no
corpo amarelo.
O
período fértil passou a ser então calculado, tendo em conta a duração dos
ciclos nos últimos doze meses. Porém, havia muitas vezes ovulações prematuras
ou mais atrasasdas pelo que passou a haver muitos filhos de Ogino e este método
atinge taxas de falhas na ordem de 20 por 100 mulheres/ano.
Em 1804
Van de Velde descobre a temperatura bifásica no ciclo da mulher e em 1938
Palmer adopta o método das temperaturas, fazendo com mais precisão o
diagnóstico da ovulação, depois de observar que o endométrio se carregava de
glicogénio no dia seguinte à subida térmica.
No
pensamento grego e romano foram esboçados os grandes problemas da densidade
demográfica das sociedades.
Aristóteles
e Platão escreveram as primeiras doutrinas populacionais da civilização
ocidental, que regulavam a sociedade ideal em populações pequenas que
permitisse o normal funcionamento das instituições democráticas.
Na
Grécia foram impostas restrições para a idade do casamento. O poder político
determinou mais tarde medidas inversas para aumentar a população, impondo
sanções aos solteiros e premiando os casais com mais de três filhos.
Também
o império romano adoptou medidas que restringiram acentuadamente a sua
população e que levou à sua decadência.
Na
Europa, a igreja católica romana foi muito influenciada pelos escritos de Sto.
Agostinho (sec. IV) e posteriormente no séc. XIII por S. Tomás de Aquino, pois
ambos se manifestaram contra a limitação da natalidade por qualquer método contraceptivo.
Qualquer medida contraceptiva mesmo dentro do casamento era apontada como
pecaminosa. Em 1588 estas ideias foram elevadas a dogma com uma bula papal que
condenava à excomunhão e à morte todos aqueles que usassem “os venenos da
fertilidade”. E se avançarmos no tempo, no século XX, a encíclica Humanae Vitae
em 1968, condena ainda todos os meios artificiais de contracepção.
Ao
longo da história da humanidade relembramos, que os indivíduos, as famílias, especialmente
nas classes sociais mais abastadas e os poderes políticos que regulavam e
regulam as normas das sociedades, têm todos uma autonomia que lhes permite auto
regular, à sua conveniência, as medidas para diminuir a natalidade, procedendo
muitas vezes contra os chamados “bons costumes de cada sociedade”.
Chegada
a revolução industrial, aparece uma melhoria das condições sociais, da
mortalidade e especialmente da mortalidade infantil, e a população começa então
a aumentar e fazem falta métodos contraceptivos mais actuais e mais eficazes.
Em
1798 Robert Malthus, um economista britânico, que utilizou pela primeira vez a
estatística para estudar o crescimento da população e usou pela primeira vez em
1880 o termo demografia, lança o alerta que todos conhecem: os alimentos crescem em proporção
aritmética e a população aumenta em proporção geométrica. Propõe então na
sua obra o matrimónio tardio e uma estrita castidade pré-matrimonial.
Estava
lançado o movimento de controle da
natalidade que teve forte oposição quer na Europa quer na América.
Nos
Estados Unidos, em 1873 uma lei torna proibida a contracepção. Apesar disso,
Robert Owen lança uma campanha a seu favor, por influência do que tinha
observado nas suas viagens à Europa. Um seu seguidor, Dr. Charles Knowlton é
perseguido e condenado a três meses de prisão.
Nos
primeiros anos do Sec. XX o movimento de controle de natalidade teve como líder
Margaret Sanger, uma enfermeira que trabalhava nos bairros pobres de emigrantes
em Nova York e que observava de perto a miséria e o sofrimento das famílias
pobres com muitos filhos. Mas nessa altura o corpo médico americano era hostil
a esse movimento e duma maneira geral aos métodos contraceptivos. Ao ser
ajudada pelo presidente da Sociedade Americana de Ginecologia Dr. Dickson,
Margaret Sanger acabou por ver os médicos sensibilizados para o problema da contracepção.
A primeira clínica de controle de natalidade começa a funcionar em Brooklyn em
1916, fundada por esta enfermeira.
Na
Inglaterra Frances Place na primeira metade do século XIX, cria o movimento de
controle de natalidade logo apoiado por outros médicos, que, por panfletos ou
livros publicados, tiveram de enfrentar a justiça pelo apoio dado a uma causa
proibida por lei. Mas no fim do sec. XIX a contracepção passa a ser legal na
Inglaterra.
Em
França o problema é quase semelhante, com proibição e legalização dos métodos contraceptivos.
Em 1920 uma lei penaliza da mesma maneira o uso de contraceptivos e o
abortamento. Durante a 2ª guerra há um silêncio absoluto e existe até
repressão, exaltando-se a ideologia da família. Depois de 1945 tudo se torna
diferente.
Nestes
três países, espalharam-se depois os centros de planeamento familiar, onde se
divulgavam os métodos contraceptivos existentes e se ministravam ensinamentos
da sexualidade.
O
planeamento familiar fica então ligado à libertação da mulher e os movimentos
feministas fazem disto a sua bandeira e começam a aparecer até, várias obras de
exaltação do amor livre, a por em causa preconceitos existentes na sexualidade.
Era a etapa em que o machismo patriarcal tinha sido vencido.
Mas o
que caracteriza a era moderna neste ponto é a democratização do control da
natalidade, a utilização de práticas contraceptivas por parte de todos os
estratos sociais, ricos e pobres, analfabetos ou não. E aparecem então os
centos de planeamento familiar que se desenvolvem e espalham, tendo em vista
duas finalidades:
a saúde e o bem estar do indivíduo
e as consequências das altas taxas de
crescimento da população.
Mesmo com muitos opositores, o planeamento familiar
acabou por se impor nas diferentes sociedades, porque trazia consigo saúde e bem
estar individual, era um direito adquirido e dava liberdade à família de ter os
filhos que desejasse.
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