domingo, 17 de março de 2013

CONTRACEPÇÃO


 

CONTRACEPÇÃO

 

A contracepção começou há anos por se dissimular com a expressão de Planeamento Familiar, atrbuindo-se a este, outras funções além da própria contracepção.

São objectivos da Contracepção:

Controle dos Nascimentos

·     paternidade responsável

·     liberdade sexual

·     escolha do número desejável de filhos

·     espaçamento dos nascimentos

·     saúde materna

·     saúde da família

·     evitar o recurso ao abortamento

 

 

 

-    Sexualidade

·     informação

·     sexologia médica: consultas conjugais

 

-    Outros Objectivos

·     rastreio do cancro genital

·     exames pré-nupciais

·     ajuda à mãe solteira

 

Estes objectivos, como se compreende, variam de país para país, conforme a sua organização política, o seu desenvolvimento, os seus serviços sanitários e dependem fundamentalmente dos factores sócio‑cul­turais das sociedades.

A contracepção é hoje parte integrante da Ginecologia e que podemos definir como fez Morin: a ciência da mulher na saúde e na doença, dos seus processos fisiológicos e patológicos e de todos os problemas a ela ligados”.

 

Todos sabemos que a mulher têm o mesmo acesso às profissões dos homens, fazem os mesmos trabalhos, criam comodidades e serviços e não seria justo que suportassem o peso adicional do seu sexo, isto é, de terem filhos quando não o desejassem ou quando não fosse oportuno.

Ora, esta desvantagem só a ginecologia, através dos diversos métodos contraceptivos, consegue compensar, permitindo que a maternidade, que pode condicionar o rendimento da mulher, se efective quando desejada.

Podemos dizer também que a contracepção se situa no campo da ginecologia preventiva, devendo estar ao alcance de todos os indivíduos, como um direito, para melhoria das suas condições de vida.

Ora, dissemos já, que o planeamento familiar representa a liberdade total, das pessoas decidirem sobre o número de filhos que quiserem e mesmo a liberdade de não ter filhos. Mas, esta liberdade é apenas teórica, pois não existe de forma absoluta em nenhuma sociedade, dado que cada sociedade marca o comportamento do indivíduo.

E foi assim que na histórica aparição dos métodos contraceptivos modernos significou nos primeiros tempos uma transgressão às normas estabelecidas e o seu uso acarretava um sentimento de culpa que actualmente algumas utilizadoras ainda sentem.

Muitas mulheres, pensam que ao usarem determinado método contra­ceptivo, se lhes proíbe o direito de ter um filho e um grande número delas confunde sexualidade com maternidade, aparecendo-nos então com alterações sexuais, que a própria cultura lhes imprimiu e vão conservar toda a sua vida.

Outras mulheres pensam que têm de ser punidas por evitarem uma gravidez, ao utilizarem este ou aquele método contraceptivo. Daí, muitas vezes a sua má utilização e o aparecimento de uma gravidez.

E após estas duas últimas considerações pensamos que para compreender alguém do ponto de vista da contracepção é necessário ter ideia da sua fisiologia, da sua sensibilidade e dos hábitos do seu organismo que na maior parte dos casos são singulares, muito poderosos e escondidos.

Para concretização dos objectivos do Planeamento Familiar é neces­sário a existência de centros para a solução dos problemas de contracep­ção e infertilidade. Mas, mesmo fora destes centros mais especializados, o médico tem uma grande responsabilidade em matéria de planeamento familiar, especialmente em contracepção, quando esta é necessária para uma boa saúde da mulher.

Tenha o médico a opinião religiosa que tiver, seja qual for a sua especialidade, terá de enfrentar-se no dia a dia com problemas de contracepção. Será ele que tem de pronunciar-se, de dar conselhos, de indicar ou contra-indicar, enfim, de resolver problemas que põem em causa muitas vezes a saúde de uma família. Por outro lado, tem o médico a obrigação de respeitar as ideias e as crenças das pessoas, recomendando-lhes os métodos permitidos pelas suas opções.

Se planeamento familiar não significa anti-concepção, esta é no entanto, uma das suas medidas, talvez a mais interessante e a que dá maior número de consultas.

Com os métodos contraceptivos o que se deseja é evitar o contacto do espermatozóide com o óvulo. Esta é a ideia básica de todos os métodos contraceptivos, com excepção dos métodos de intercepção.

Os progressos técnicos e científicos actuais, permitem uma sexua­lidade sem riscos, desde que haja informação sobre os métodos contracep­tivos.

Estes métodos, para serem facilmente aceites, devem ser simples, eficazes, reversíveis e sem riscos.

Nas sociedades desenvolvidas ou ditas como industrializadas, para se obter uma gravidez em determinada altura, pode ser difícil, mas, pelo contrário, evitar uma gravidez é hoje perfeitamente possível, da mesma maneira, que já é possível obter uma gravidez sem relações sexuais.

Tudo isto é simples numa sociedade desenvolvida. Mas há uma diferença abismal entre os países industrializados e os países do terceiro mundo.

Sabemos que 85% dos nascimentos, têm lugar nos países em vias de desenvolvimento. Isto resulta da ignorância destas sociedades e dos seus sistemas de saúde serem praticamente inexistentes, cabendo a responsa­bilidade de tudo isto aos seus governos.

95 % da mortalidade infantil e 90 % das mortes maternas são nestes países.

Sabe‑se que em cada minuto uma mulher, no terceiro mundo, morre de parto ou por complicações de abortamento, sendo as principais vítimas as adolescentes e as grandes multíparas.

Nestes países, a limitação da natalidade ou é imposta pelo estado ou os meios utilizados são sempre de riscos mais elevados que nas sociedades democráticas.

Por exemplo: 20 % da população do Bangladesh utiliza injecções trimestrais de progestativos; por outro lado 40 a 45 milhões de mulheres chinesas utilizam o dispositivo intra-uterino (quer dizer, 3/4 das utilizado­ras de DIU do mundo, são chinesas).

Ora, nos países industrializados, a situação é completamente diferen­te.

O casal é quem decide quantos filhos pretende, tendo à sua disposição conhecimentos e métodos de boa eficácia e de riscos mínimos, fornecidos por serviços de boa qualidade.

A eficácia dos diferentes métodos contraceptivos é-nos dada pela fórmula de PEARL = nº total de gravidezes x 1200

                                    nº de meses de utilização

Qualquer método é melhor que não usar nenhum e mais do que a sua eficácia interessa também a sua aceitabilidade, isto é, a “com­pliance” ou a adesão ao método proposto.

No quadro seguinte podemos ver a taxa de eficácia dos diferentes métodos contraceptivos:

 
Método
 
I. de Pearl
Contraceptivos orais
0,08 %
Minipílula (progestativos)
2 a 4 %
Progestativo injectável
2 %
DIU
1,7 a 4 %
Preservativo masculino
7 %
Preservativo feminino
 
Diafragma
8 a 30 %
Espermicidas
2 a 30 %
Mét. abstinência
7 a 38 %
Esterilização
0 a 0,3 %

 

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