CONTRACEPÇÃO
A contracepção começou há anos por se dissimular com a
expressão de Planeamento Familiar, atrbuindo-se a este, outras funções além da
própria contracepção.
São objectivos da Contracepção:
Controle dos Nascimentos
·
paternidade responsável
·
liberdade sexual
·
escolha do número desejável de filhos
·
espaçamento dos nascimentos
·
saúde materna
·
saúde da família
·
evitar o recurso ao abortamento
-
Sexualidade
·
informação
·
sexologia médica: consultas conjugais
-
Outros Objectivos
·
rastreio do cancro genital
·
exames pré-nupciais
·
ajuda à mãe solteira
Estes objectivos, como se compreende, variam de país
para país, conforme a sua organização política, o seu desenvolvimento, os seus
serviços sanitários e dependem fundamentalmente dos factores sócio‑culturais
das sociedades.
A contracepção é hoje parte integrante da Ginecologia
e que podemos definir como fez Morin:
“a
ciência da mulher na saúde e na doença, dos seus processos fisiológicos e
patológicos e de todos os problemas a ela ligados”.
Todos sabemos que a mulher têm o mesmo acesso às
profissões dos homens, fazem os mesmos trabalhos, criam comodidades e serviços
e não seria justo que suportassem o peso adicional do seu sexo, isto é, de
terem filhos quando não o desejassem ou quando não fosse oportuno.
Ora, esta desvantagem só a ginecologia, através dos
diversos métodos contraceptivos, consegue compensar, permitindo que a maternidade,
que pode condicionar o rendimento da mulher, se efective quando desejada.
Podemos dizer também que a contracepção se situa no
campo da ginecologia preventiva, devendo estar ao alcance de todos os
indivíduos, como um direito, para melhoria das suas condições de vida.
Ora, dissemos já, que o planeamento familiar
representa a liberdade total, das pessoas decidirem sobre o número de filhos
que quiserem e mesmo a liberdade de não ter filhos. Mas, esta liberdade é
apenas teórica, pois não existe de forma absoluta em nenhuma sociedade, dado
que cada sociedade marca o comportamento do indivíduo.
E foi assim que na histórica aparição dos métodos
contraceptivos modernos significou nos primeiros tempos uma transgressão às
normas estabelecidas e o seu uso acarretava um sentimento de culpa que
actualmente algumas utilizadoras ainda sentem.
Muitas mulheres, pensam que ao usarem determinado
método contraceptivo, se lhes proíbe o direito de ter um filho e um grande
número delas confunde sexualidade com maternidade, aparecendo-nos então com
alterações sexuais, que a própria cultura lhes imprimiu e vão conservar toda a
sua vida.
Outras mulheres pensam que têm de ser punidas por
evitarem uma gravidez, ao utilizarem este ou aquele método contraceptivo. Daí,
muitas vezes a sua má utilização e o aparecimento de uma gravidez.
E após estas duas últimas considerações pensamos que
para compreender alguém do ponto de vista da contracepção é necessário ter
ideia da sua fisiologia, da sua sensibilidade e dos hábitos do seu organismo
que na maior parte dos casos são singulares, muito poderosos e escondidos.
Para concretização dos objectivos do Planeamento
Familiar é necessário a existência de centros para a solução dos problemas de
contracepção e infertilidade. Mas, mesmo fora destes centros mais
especializados, o médico tem uma grande responsabilidade em matéria de
planeamento familiar, especialmente em contracepção, quando esta é necessária
para uma boa saúde da mulher.
Tenha o médico a opinião religiosa que tiver, seja
qual for a sua especialidade, terá de enfrentar-se no dia a dia com problemas
de contracepção. Será ele que tem de pronunciar-se, de dar conselhos, de
indicar ou contra-indicar, enfim, de resolver problemas que põem em causa
muitas vezes a saúde de uma família. Por outro lado, tem o médico a obrigação
de respeitar as ideias e as crenças das pessoas, recomendando-lhes os métodos
permitidos pelas suas opções.
Se planeamento familiar não significa anti-concepção,
esta é no entanto, uma das suas medidas, talvez a mais interessante e a que dá
maior número de consultas.
Com os métodos contraceptivos o que se deseja é evitar
o contacto do espermatozóide com o óvulo. Esta é a ideia básica de todos os
métodos contraceptivos, com excepção dos métodos de intercepção.
Os progressos técnicos e científicos actuais, permitem
uma sexualidade sem riscos, desde que haja informação sobre os métodos
contraceptivos.
Estes métodos, para serem facilmente aceites, devem
ser simples, eficazes, reversíveis e sem riscos.
Nas sociedades desenvolvidas ou ditas como
industrializadas, para se obter uma gravidez em determinada altura, pode ser
difícil, mas, pelo contrário, evitar uma gravidez é hoje perfeitamente
possível, da mesma maneira, que já é possível obter uma gravidez sem relações
sexuais.
Tudo isto é simples numa sociedade desenvolvida. Mas
há uma diferença abismal entre os países industrializados e os países do
terceiro mundo.
Sabemos que 85% dos nascimentos, têm lugar nos países
em vias de desenvolvimento. Isto resulta da ignorância destas sociedades e dos
seus sistemas de saúde serem praticamente inexistentes, cabendo a responsabilidade
de tudo isto aos seus governos.
95 % da mortalidade infantil e 90 % das mortes
maternas são nestes países.
Sabe‑se que em cada minuto uma mulher, no terceiro
mundo, morre de parto ou por complicações de abortamento, sendo as principais
vítimas as adolescentes e as grandes multíparas.
Nestes países, a limitação da natalidade ou é imposta
pelo estado ou os meios utilizados são sempre de riscos mais elevados que nas
sociedades democráticas.
Por exemplo: 20 % da população do Bangladesh utiliza
injecções trimestrais de progestativos; por outro lado 40 a 45 milhões de mulheres
chinesas utilizam o dispositivo intra-uterino (quer dizer, 3/4 das utilizadoras
de DIU do mundo, são chinesas).
Ora, nos países industrializados, a situação é
completamente diferente.
O casal é quem decide quantos filhos pretende, tendo à
sua disposição conhecimentos e métodos de boa eficácia e de riscos mínimos,
fornecidos por serviços de boa qualidade.
A eficácia dos diferentes métodos contraceptivos é-nos
dada pela fórmula de PEARL = nº
total de gravidezes x 1200
nº
de meses de utilização
Qualquer método é melhor que não usar nenhum e mais do
que a sua eficácia interessa também a sua aceitabilidade, isto é, a “compliance”
ou a adesão ao método proposto.
No quadro seguinte podemos ver a taxa de eficácia dos
diferentes métodos contraceptivos:
Método
|
I. de Pearl
|
Contraceptivos orais
|
0,08 %
|
Minipílula (progestativos)
|
|
Progestativo injectável
|
2 %
|
DIU
|
|
Preservativo masculino
|
7 %
|
Preservativo feminino
|
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Diafragma
|
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Espermicidas
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Mét. abstinência
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Esterilização
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